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Caos e Estabilidade





A maioria das pessoas tende a evitar as situações que podem transformar a vida delas.

E pior, essa grande maioria acredita que estão fazendo isso para o seu próprio bem.


Você já percebeu como nós estamos sempre nos desviando do caos?

Estamos sempre procurando nos desviar das situações que nos causam desconforto?

Como nós estamos sempre buscando permanecer na estabilidade?

Como estamos sempre procurando permanecer em situações que nos sejam confortáveis?


Muitos chamam isso de encontrar a felicidade!

De encontrar um ponto em nossas vidas em que haja apenas estabilidade.

Em que o caos não nos atrapalhe mais,não nos perturbe, não nos tire da nossa zona de conforto e de segurança.


Encontrar um ponto em nossas vidas em que estejamos sempre confortáveis e estáveis.


Só que essa é uma percepção equivocada.


E é essa percepção equivocada que pode estar te impedindo de alcançar a tua melhor versão, seja ela qual for.

E essa percepção equivocada se dá nos dois lados da moeda.

É equivocada tanto em relação à nossa compreensão sobre o caos, sobre tudo aquilo que nos provoca desconforto. como também é equivocada em relação à nossa compreensão sobre a estabilidade, sobre tudo aquilo que nos dá a sensação de conforto.


Como disse antes, a maioria das pessoas tenta sempre fugir do caos.

Só que é no caos que as coisas encontram o seu lugar.

E mais, é o caos que transforma as coisas em algo melhor.


Quando estamos em estado de caos, de confusão, é porque as peças estão fora do seu lugar. É porque as coisas, as circunstâncias não estão direcionadas, não estão adequadas, não estão coordenadas.


Quando estamos no caos, é porque as coisas não estão sob o nosso controle.

No caos nós não sabemos onde tudo se encaixa. Então é uma grande confusão.


Tentamos colocar em um lugar e não se encaixa.

Tentamos colocar em outro e também não se encaixa.

Tentamos correr para um lado, e vemos que não é o certo.

Tentamos correr para o outro e vemos que também  não é o certo.


E isso tudo toma tempo. Isso tudo consome a nossa energia.

Porque temos que gastar tempo e energia para entender o porquê que as coisas não se encaixam, para entender onde é que elas podem se encaixar.


Gastamos tempo e energia para entender para que lado devemos correr.


É como estar em um salão cheio de portas, mas não saber em qual devemos entrar.

Temos que abrir porta por porta, até encontrar qual é a certa.

Isso é o caos.


Então o caos nos obriga a encarar essa meta de ter que encontrar um caminho,

de ter que encontrar uma solução, de ter que encontrar uma saída.


O caos nos obriga a ter que encontrar o lugar certo para cada peça.

A ter que descobrir qual é a direção correta em que devemos correr.

A ter que desvendar qual é a porta certa a ser aberta.


O caos então é quando as coisas estão embaralhadas, quando elas estão bagunçadas,

fora do lugar. E elas precisam ser organizadas. Elas precisam encontrar seus lugares.


Como em um jogo de canastra, em que as cartas são embaralhadas, e vence quem organizá-las mais rápido. Ganha quem conseguir colocar todas as cartas que possuir em suas mãos na ordem correta do jogo.


O caos nos leva a tentar ir de volta para o trilho.

É, portanto, o caos que coloca a gente de volta no trilho mas de forma transformada.

Porque ficamos procurando onde está o trilho.

E nessa busca, acabamos experienciando muitas outras situações. Muitas outras possibilidades. Aprendemos muitas coisas sobre o que existe fora dos trilhos.


Então, aquela percepção de que devemos evitar o caos é equivocada.

Porque o caos é necessário para que possamos ampliar o nosso conhecimento e nos colocar de volta no trilho.


E qual é a nossa percepção equivocada sobre a estabilidade?


A estabilidade é onde as coisas fluem.

Quando o trem está no trilho, o trem flui suavemente, vai normalmente até o seu destino.

O trem vai para o lugar pré estabelecido, pelo caminho previsto e no tempo premeditado.


Na estabilidade todos os fatores são conhecidos e todos os resultados são sabidos.


Quando o trem está no trilho, quando as cartas estão organizadas, quando as peças estão nos seus lugares, não é preciso perder tempo e nem energia tentando colocar o trem no trilho, tentando colocar a cartas na ordem correta.


Mas a estabilidade também é preocupante. Porque quando a gente está na estabilidade, nós entramos em uma zona de conforto. E quando estamos na zona de conforto, nós não evoluímos.


Porque quando estamos submetidos às mesmas condições de temperatura e pressão, nós permanecemos com as mesmas características.


Não podemos, portanto, ficar sempre no mesmo estado de estabilidade, porque isso vai nos manter sempre no mesmo fluxo. Isso vai nos manter sempre no mesmo caminho, sempre no mesmo lugar. Se você permanecer sempre no mesmo trilho, irá sempre para o mesmo destino.


Então de vez em quando precisamos do caos para nos forçar a encontrar um outro trilho, Para nos fazer buscar um trilho mais elevado, um trilho que nos leve para algum lugar mais longe ou mesmo para algum lugar apenas diferente.


Depois que nós já passamos por uma fase de estabilidade, que já estamos em um estado de repouso, que nós já estamos na nossa zona de conforto, fluindo,

Nós precisamos encontrar um novo trilho.

Então, saímos daquele trilho em que estávamos há algum tempo.


Nós saímos daquele trilho e entramos em um novo caos.

Procurando por um novo trilho, procurando outros lugares em que as peças possam se encaixar. Entramos naquela confusão, naquele caos todo de novo.


Até que em algum momento o caos nos coloca em um trilho melhor, em um trilho que leva mais adiante, que leva para outro lugar.

E daí nós entramos em uma nova zona de estabilidade.


Mas agora estamos em um novo trilho que leva para um lugar mais longe.

As coisas começam a fluir de novo. O trem flui normalmente. E entramos em uma nova zona de conforto.


E de repente estamos lá há muito tempo nessa zona de conforto de novo,

Então temos que fazer todo o processo de novo. Você percebe o ciclo virtuoso?


Por isso tudo é que aquela percepção de que devemos permanecer sempre na estabilidade também é equivocada. Porque a estabilidade contínua não pode nos trazer resultados novos, não pode nos levar para lugar diferentes.


E como é que podemos aplicar essa nova percepção em nosso dia a dia?

Como é que podemos usar isso para nos levar à uma versão melhor de nós mesmos?


Eu tenho aplicado isso no meu treino de corrida.


Eu comecei a correr recentemente porque desenvolvi asma. E eu me recusei a permanecer em uma zona de conforto em relação a essa situação. Eu me recusei a aceitar em somente tomar remédio. A minha melhor versão não seria limitada pela asma.


Então eu decidi me jogar no caos. Decidi a forçar o meu pulmão a encontrar uma nova zona de estabilidade. Por isso decidi começar a praticar corrida.


No começo eu não conseguia correr 1km. Então eu andava 1km.

Depois que eu já estava correndo 1km, e quando eu senti estabilidade, quando eu percebi que aquilo ali já estava fluindo, que já era a minha zona de conforto,eu achei que era a hora de buscar correr 2km.


Comecei correndo 1km e andando o quilômetro seguinte. Quando eu percebi  que estava tranquilo fazer isso, eu parti para correr 2km.


Quando eu comecei a ficar confortável  correndo os 2km,quando isso começou a virar a minha zona de conforto, eu passei a tentar correr 3km. Comecei correndo 2km e andando 1km. Quando percebi que estava tranquilo, corri os 3km inteiros.


Daí eu tentei ir para os 5km. Mas os 5km ficaram pesados demais. Então eu comecei a correr 1km e andar 1km. Quando fazer isso por 5km ficou fácil, eu decidi continuar fazendo isso mas por 10km.


No primeiro dia eu não aguentei. Então, os últimos 5km eu apenas andei. Algum tempo depois eu consegui fazer os 10km alternando 1km de corrida e 1km andando, Mas não era fácil. Era pesado, difícil.


Há uma semana atrás foi a primeira vez que eu fiz esse esquema pelos 10km sem muito problema, sem sofrer muito, sem muita dificuldade. Naquele dia eu comecei a encontrar

a minha  zona de estabilidade, Mas essa nova zona de estabilidade ainda não é a minha zona de conforto.


Esses ciclos de caos e estabilidade podem ser aplicados para tentarmos encontrar a nossa melhor versão em qualquer coisa de nossa vida.


Então nós temos que estar sempre nos jogando no caos e procurando encontrar a estabilidade. Quando encontramos a estabilidade, devemos permanecer até que a estabilidade se torne a nossa zona de conforto.


E daí devemos nos jogar de novo no caos para procurar uma nova estabilidade.


Isso vai nos conduzindo para uma versão sempre melhor de nós mesmos.


É preciso, portanto, mudar a nossa percepção, para percebermos que caos e estabilidade são, ambos, fundamentais.

Que não devemos fugir do caos, e nem permanecer na estabilidade.

É preciso perceber que é no caos que as coisas procuram entrar em estabilidade.

E que é na estabilidade que as coisas fluem.


Caos e estabilidade, portanto, são os dois lados de uma mesma força transformadora.

E esses dois lados são interdependentes e interligados. Precisam estar constantemente em transição entre um e outro, para que a transformação possa acontecer.


Permanecer apenas no caos leva à loucura, leva à destruição completa, leva à explosão. Permanecer apenas na estabilidade leva à estagnação, leva à deterioração completa, leva à implosão.


TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira

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