Você já se sentiu completamente sufocado pelo mundo?
Como se o mundo estivesse te esmagando?
Te comprimindo?
Eu tenho percebido que cada vez mais pessoas tem se sentido sufocadas pelo mundo.
Eu também já me senti assim.
E eu sei o quanto esse processo é desafiador.
Mas eu também descobri que esse processo é fundamental para o nosso crescimento, para a nossa evolução interior, para conhecermos do que somos capazes, para entendermos melhor o caminho que traçamos, para adequar a trajetória da nossa rota.
Há 7 anos atrás eu pensei seriamente em me matar.
Porque nada mais fazia sentido pra mim.
Tudo o que eu acreditava, todas as pessoas em que eu confiava, tudo parecia estar quebrado, parecia estar errado.
Parecia que tudo o que eu havia feito tudo o que eu havia construído na minha vida, não era nada do que eu estava buscando.
Parecia que todos os caminhos que eu havia traçado e que eu estava seguindo, estavam me levando para um lugar que eu não queria.
E quanto mais eu tentava afastar aquele sentimento, mais intenso ele vinha no meu peito, e me paralisava, me deixava sem ar.
Mas, antes de chegar nesse ponto, eu fui tendo sinais de desgaste mental e emocional.
Eu estava cada vez mais ansiosa, cada vez mais irritada, mais descontrolada até.
Mas eu não me admitia fraca. Eu não queria me entregar tão fácil.
Eu não queria reconhecer o que estava acontecendo.
Eu achava que era só uma fase, e que eu podia resolver sozinha.
Então, para tentar resolver sozinha eu decidi voltar a nadar, a ir para a academia.
Passei a meditar com mais frequência. Voltei para as aulas de yôga.
Eu ia trabalhar e tentava deixar aquela sensação do lado de fora do escritório.
Eu falava com minha família e tentava deixar aquele sentimento do lado de fora da casa.
Mas mesmo assim, aquilo foi crescendo dentro de mim.
Porque mais e mais o meu trabalho não fazia sentido, a minha vida não fazia sentido, as coisas que eu estava fazendo não faziam sentido.
Quando eu comecei a perceber que aquilo estava crescendo demais dentro de mim,
eu decidi falar.
Falei pra minha família. Falei pra minha melhor amiga.
Mas todo mundo fez pouco caso.
Todo mundo achou que o meu pedido de socorro era apenas frescura.
E ninguém me estendeu a mão.
Ninguém sentou comigo e tentou me entender, me tirar daquele buraco emocional
em que eu estava.
Quando eu me vi completamente sozinha, completamente perdida, completamente sem esperanças, a única solução que eu conseguia enxergar era começar de novo.
Começar uma vida nova. Nascer de novo.
Uma noite eu cheguei em casa, cheguei me arrastando do trabalho.
Sentei na beirada da cama e comecei a chorar desesperadamente.
Senti um aperto no peito que me sufocava.
E senti muita vontade de morrer, de acabar com a minha vida
para pode começar de novo, do zero.
Eu estava nas margens da minha sanidade mental e emocional.
E naquela noite, naquele momento, eu percebi que eu precisava parar tudo.
Que o trem havia saído do trilho e seu eu não parasse o estrago poderia ser muito maior.
E eu pedi pra Deus não permitir que eu perdesse o controle.
Porque era tanto hormônio produzido pelo corpo, que parecia que eu estava drogada.
E eu implorei pra Deus me permitir começar de novo, nascer de novo nessa mesma vida.
A encontrar um novo caminho.
A descobrir algo que fizesse a minha existência ter sentido de novo.
Eu não ia desistir da vida.
Mas eu precisava que Deus me apontasse o caminho.
Eu sempre tive uma personalidade muito complexa.
E para os meus pais, principalmente para a minha mãe, muito difícil de lidar
e de compreender.
Mas eu sempre carreguei dentro de mim, três personalidades
bastante marcantes e fortes.
A primeira, é a que eu chamo de Dançarina, porque é minha expressão corporal.
É o meu lado rebelde, de espírito cigano, sangue quente, artista, apaixonada.
A segunda, é a Advogada, porque é a minha expressão mental.
É o meu lado intelectual, perfeccionista.
Que é disciplinada, organizada, exigente.
Que devora livros desde muito pequena.
E ainda tem a terceira, que eu chamo de Hippie, porque é minha expressão espiritual.
É o meu lado mais flexível, amante da natureza,que medita, que se preocupa com o próximo, que quer mudar o mundo e que quer ser uma pessoa melhor.
E além de ter essa "múltipla personalidade", com interesses tão diferentes e marcantes,
desde muito pequena, eu sempre me interessei por filosofia, religião, história,
evolução das espécies, astronomia.
Sempre gostei de ler tudo o que apresentasse alguma explicação sobre o mundo.
Porque a vida precisava ter uma explicação, ter um sentido maior
que justificasse tudo o que existe e tudo o que acontece.
Eu queria saber de onde viemos?
O que fazemos aqui?
Qual o propósito disso tudo?
Todas essas perguntas sempre ecoaram intensamente na minha cabeça.
E eu lia tudo o que pudesse ter qualquer explicação.
E naquele momento de desespero da minha vida, aquelas três personalidades
estavam em conflito dentro de mim.
E todas aquelas perguntas estavam gritando na minha cabeça.
E eu decidi buscar as respostas com mais garra.
Eu precisava silenciar aquelas vozes todas.
Eu precisava entender e resolver o que estava acontecendo comigo.
E eu não tinha tempo a perder,
porque eu estava ficando cada vez mais fora do controle.
Eu comecei a ter pânico.
Eu me trancava no banheiro do escritório e não tinha vontade de sair de lá.
Eu comecei a ficar paranoica.
Eu acreditava que o meu ex namorado era psicopata.
Eu não conseguia dormir.
Levantava duas, três vezes, para verificar a tranca da porta.
Eu fui em um psiquiatra.
Ele me receitou um remédio de epilepsia que me deixou completamente apática.
Eu me senti como um leão sedado.
Eu não queria aquela solução.
Tomei o remédio por dois dias, e larguei antes que o organismo se acostumasse.
Eu havia chegado em uma encruzilhada:
ou eu levava a sério tomar remédio e ficava grogue, apática,
ou eu mudava o rumo da minha vida.
Mas para onde?
Se aquele era o caminho que eu havia traçado há tanto tempo?
Mas, então, algo inesperado aconteceu.
Uma porta de oportunidade se abriu.
Em um almoço com uma colega do trabalho, eu comentei que estava pensando em fazer algo diferente, mas que não sabia o que.
Então ela comentou que uma amiga dela estava indo para o Canadá.
E que ela não queria ir sozinha.
Porque a pessoa que iria viajar com ela acabou indo para outro lugar.
E ela me falou: Por que você não liga para ela? Troca uma ideia?
Quem sabe, vocês vão juntas pro Canadá.
Eu não pensei duas vezes.
Afinal, eu havia pedido para Deus me apontar o caminho.
Podia parecer loucura,
mas eu não podia mais manter a minha vida do jeito como ela estava.
Eu precisava fazer alguma coisa que me levasse para um caminho diferente.
Eu precisava fazer algo que me fizesse voltar a sentir que a minha vida tinha sentido.
Então, eu pedi demissão.
Foi um mês trabalhando no aviso prévio.
Porque o escritório acreditava que eu iria mudar de ideia.
Depois, mais um mês de preparativos.
Passaporte, passagem, escola de inglês, hospedagem.
E então eu fui.
E aquele foi um ano de muito estudo de cabala, de muita meditação,
de muita desintoxicação mental.
Quebrei um milhão de paradigmas.
Aprendi um milhão de coisas.
Comecei a correr todos os dias, mudei a minha alimentação.
Eu me reconectei com a Daiana que existia dentro de mim.
Voltei a fazer coisas que eu gostava e que tinha esquecido.
Coisas pequenas, mas que recarregavam minhas energias.
Quando voltei para o Brasil o desejo por respostas estava ainda maior.
Eu comecei a ler livros e mais livros.
Li sobre budismo, sobre cabala, sobre yoga, bahai, islamismo.
Li a bíblia, o alcorão. Li partes do Zohar, textos de Buda, textos hindus.
Cheguei até a tomar ayahuasca, para tentar encontrar as respostas.
Porque eu não queria me limitar pelo preconceito do que eu não conhecia.
Mas em algum momento eu comecei a me questionar o por quê que eu tinha tanta necessidade de continuar aprendendo, de entender tudo aquilo.
Para onde aquele estudo todo estava me levando?
Foi quando começou a germinar em meu peito uma nova vontade.
Eu comecei a perceber que tudo o que havia aprendido com a minha experiência
e tudo o que eu ainda estava aprendendo precisava ser compartilhado.
Eu comecei então a juntar todas as peças, a montar o quebra cabeça de tudo aquilo
que eu havia aprendido na minha trajetória, e decidi ajudar aquelas pessoas que estão passando por esses mesmos desafios.
Que em algum momento se sentiram sufocados pelo mundo.
Porque o meu caminho teria sido tão mais fácil se alguém tivesse me apontado o trajeto. Se eu tivesse o mapa e a bússola nas minhas mãos.
E foi assim que surgiu o Projeto Tempo de Meditar.
Porque eu aprendi a duras penas, que não há decisão fácil na vida.
Que tudo tem um preço a ser pago.
Que somos submetidos a situações não desejadas, a constantes desafios.
Mas não podemos nos submeter nem nos desviar dos problemas.
Precisamos resolver.
Precisamos encontrar uma solução.
Precisamos desatar o nó.
Precisamos percorrer o caminho que leva à saída.
Fazer isso muda quem somos.
E muda a forma como vemos o mundo.
Mas para agirmos assim, eu descobri que é preciso termos conhecimento.
Conhecimento sobre nós mesmos e conhecimento sobre o mundo.
Eu descobri que é preciso também que as nossas intenções sejam corretas.
Que nossas intenções sejam motivadas pelos nossos valores.
E eu descobri que para passar pelo caminho que nos leva à uma versão melhor de nós mesmos, que nos leva à superar as situações indesejadas, a passar pelos testes da vida,
é preciso dar um passo após o outro.
É preciso agir constantemente.
E isso exige coragem, exige força de vontade.
Esse é o caminho da autoconsciência, da meditação e da transformação.
E essa é a proposta do Projeto Tempo de Meditar.
Todos os desafios anteriores me mostraram o caminho e me trouxeram até esse projeto.
E essa é a fase da minha vida do meu grande desafio.
Porque é muito difícil para mim me expor.
Mas eu aprendi que só crescemos, quando nos desafiamos.
E mesmo tenho muito pouco a ensinar e muito a aprender.
Espero, sinceramente, que esse pouco já traga algum esclarecimento
às mentes confusas, inquietas e questionadoras.
E para aquelas pessoas que não tem a mente aberta, eu espero simplesmente
poder entrar em seus corações.
TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira