Você já deve ter se perguntado em algum momento da sua trajetória
Será que a vida é mesmo uma grande disputa pelo primeiro lugar?
Será que a vida é mesmo apenas um grande ringue de gladiadores?
Que tudo se resume a ganhadores e perdedores?
Que tudo é uma grande e eterna competição?
E você também já deve ter se perguntado, assim como eu já me perguntei,
Quem é o seu maior concorrente?
Quem é o seu maior adversário nessa luta exaustiva?
Quem é que pode te condenar à derrota?
Uma das formas que podemos avaliar e refletir sobre essa grande questão
é procurando entender o que leva os seres vivos a sobreviverem e eventualmente a evoluírem.
Afinal de contas, a vida é uma constante competição pela sobrevivência?
Ou seja, será que sempre sobrevivem e propagam os seus genes para as futuras gerações
apenas os melhores de cada espécie?
Charles Darwin foi um brilhante cientista britânico do séc. XI.
Ele desenvolveu uma teoria sobre como os seres vivos evoluíram até o que são hoje.
Ele desenvolveu um raciocínio sobre como cada ser vivo adquiriu as características que possui hoje.
Como que determinadas borboletas possuem as asas com desenhos de olhos,
Como que os ursos polares são brancos, enquanto outros ursos são marrons ou pretos.
Como que alguns lagartos desenvolveram a habilidade de mudar de cor.
E a teoria que ele desenvolveu se tornou uma das pedras angulares de toda a ciência moderna.
É a chamada "Teoria da Evolução".
Documentada em seu livro "A Origem das Espécies", publicado em 1859.
Segundo Darwin, os seres vivos passaram (e ainda passam) por um processo de seleção natural,
que moldou ao longo dos anos, desde a origem do mundo, tudo o que existe hoje.
Segundo esse processo de seleção natural,
nem todos os seres vivos conseguem sobreviver às adversidades da vida.
A maioria dos seres vivos morre antes mesmo de se reproduzir.
Dessa forma, a maioria dos seres vivos morre
antes de passar os seus genes para os seus possíveis herdeiros.
Portanto, são os genes dos sobreviventes que permanecem sendo passados para as gerações futuras. Consequentemente, são os genes dos sobreviventes do passado
que moldaram as características dos seres vivos que existem hoje no mundo.
No entanto, a Teoria da Evolução de Darwin é muitas vezes mal interpretada,
Sendo traduzida como uma Lei da Competição,
em que o melhor da espécie ganha e sobrevive,
transmitindo seus genes para as gerações seguintes.
Mas não é o melhor que necessariamente se destaca e sobrevive.
Não é necessariamente o melhor que vence e transmite os seus genes para as futuras gerações.
Ser o melhor não é o fator determinante no processo de evolução.
Pode ser que venha a sobreviver e a evoluir aquele que é diferente e único.
Aquele que é albino, aquele que é menor, aquele que tem uma mancha na asa.
Pode ser que sejam esses que se destaquem e sobrevivam, levando à evolução da sua espécie.
Como assim? Então não é uma competição?
Então não é o melhor que vence o jogo da sobrevivência?
A resposta é que nem sempre é assim.
Tudo depende das condições exteriores a que os seres estão expostos.
Em um ambiente com as condições normais,
Em que todos os fatores podem ser verificados e controlados,
Em que tudo pode ser previsto e premeditado.
Em um ambiente que esteja em estabilidade,
As espécies também atingem um estado de estabilidade.
No qual estão definidos os mais fortes do grupo.
No qual é possível saber quais são os melhores da espécie sob aquelas condições.
No qual há uma padronização nesse ambiente, nessas circunstâncias normais.
Ou seja, quando todas as condições externas estão estabilizadas,
Naturalmente as espécies entram em estado de equilíbrio.
E nesse estado, em que todos os fatores são conhecidos e previsíveis,
Há uma competição natural dentro da própria espécie.
E nessa competição interna, os melhores da espécie se sobressaem sobre os demais,
e consequentemente são eles que acabam chegando à vida adulta e se reproduzem,
Passando os seus genes para as gerações futuras.
Acontece que as circunstâncias de meio ambiente não são sempre estáveis.
O meio ambiente não permanece sob as mesmas condições sempre.
Períodos de estabilidade são sempre intercalados com períodos de caos.
Isso faz com que o meio ambiente esteja periodicamente se modificando.
E quando o meio ambiente em que os seres vivem se modifica,
Não é o melhor, o mais forte, o mais inteligente ou o mais bonito que necessariamente sobrevive.
Nessas circunstâncias de instabilidade, ser o melhor não é o fator determinante.
Quando as condições do meio ambiente se modificam,
como quando surge um novo predador,
ou quando há uma enchente ou escassez de água,
isso interfere na estabilidade do sistema.
Porque quando isso acontece, os padrões são quebrados,
Os fatores que afetam a vida de todos se modificam e não podem mais ser premeditados.
E quando isso acontece, sobrevivem e perpetuam os seus genes
aqueles que melhor se adaptam às novas condições de temperatura e pressão.
Sobrevivem aqueles que estejam melhor adequados àquelas novas condições do ambiente.
Por isso não é necessariamente o melhor, o mais forte, o mais inteligente ou o mais bonito,
Mas sim o que melhor se adapta àquele novo ambiente e que resiste às novas condições que sobrevive.
Naturalmente, não é a competição que impera nesse momento.
Não há que se falar em melhores e piores, em mais fortes ou mais fracos.
A natureza apenas busca um jeito de se adaptar para manter a continuidade da espécie.
No livro de Darwin, a lei geral da seleção natural é concluída da seguinte forma:
"1. SE há organismos que se reproduzem e
"2. SE os descendentes herdam as características de seus progenitores e
"3. SE há variação nas características e
"4. SE o ambiente não suporta todos os membros de uma população em crescimento,
"5. ENTÃO aqueles membros da população com características menos adaptadas de acordo com o ambiente morrerão e
"6. ENTÃO aqueles membros com características mais adaptadas de acordo com o ambiente prosperarão."
Esse processo contínuo é o que leva à evolução das espécies.
Portanto, na estabilidade as espécies mantém as características que já possuem.
No equilíbrio, em que todos os fatores são previstos e passíveis de serem controlados,
impera a competição interna, na qual os melhores da espécie tendem a produzir mais herdeiros.
Mas é no caos, quando as condições externas se modificam
que as espécies são conduzidas, ou melhor, são forçadas a evoluir.
Porque elas precisam se adaptar ao meio ambiente para perpetuarem a sua existência.
Do contrário, não é que um ou outro deixará de se reproduzir,
mas sim que toda espécie corre o risco de ser extinta.
Então a evolução das espécies não é uma lei dos melhores.
Não é uma lei competitiva em que o melhor ganha.
É uma lei de adaptação e resistência.
Vencem e sobrevivem aqueles que melhor se adaptam e que resistem às mudanças.
A competição leva a um aprimoramento daquelas características que já existem.
Mas a competição não pode levar à evolução.
Porque se trata apenas de nos tornarmos cada vez melhores para aquele ambiente,
para aquelas condições de temperatura e pressão.
A transformação leva à evolução porque não é uma questão de pureza,
de melhoramento, de melhor ou pior.
A transformação é capaz de levar à evolução porque estamos falando de novas características
que vão sendo implementadas em virtude das circunstâncias que colocam as espécies em teste.
Se transformam aqueles que conseguem se adaptar, se readequar,
que desenvolveram uma característica nova que pode tornar as próximas gerações um pouco melhores.
E assim características novas vão sendo amalgamadas, anexadas, incorporadas por cada geração,
de modo que as pequenas transformações vão conduzindo a espécie à sua evolução,
à sua melhor versão em cada geração.
No processo evolutivo, a espécie fica cada vez melhor como espécie,
cada vez mais resistente às mudanças de temperatura e pressão.
Assim é que os seres vivos evoluem.
E você sabia que a inteligência artificial usa desse mesmo princípio para evoluir?
Os cientistas colocam o robô no caos.
Eles expõem o robô a situações adversas,
que nem o robô e nem os seus arquitetos podem prever.
A intenção é que robô cometa o maior número de erros que puder.
Que ele sofra as maiores adversidades que conseguir.
Porque cada vez que o robô cai da escada, por exemplo,
ele descobre um novo jeito que é possível cair da escada.
Ou seja, ele descobre que não pode fazer determina ação,
porque se fizer, ele irá cair da escada.
A inteligência artificial aprende, portanto, com os seus erros.
Mas, mais do que isso, cada erro cometido
faz com que o robô se adapte para não cometer o mesmo erro novamente.
Em cada tropeço a inteligência artificial transforma a informação nova em conhecimento.
E assim, em cada tropeço, a inteligência artificial evolui e atinge uma versão melhorada de si.
Portanto, de acordo com a evolução das espécies biológicas,
e também ao observar a forma como a inteligência artificial se transforma,
Evolução não é uma competição, não é uma questão de ser melhor ou pior.
O que determina a evolução das espécies, a sua transformação em seres melhores
não é a sua força ou a sua superioridade biológica.
Evoluir, então, não é uma questão de buscar ser o melhor dentre os demais da mesma espécie.
Os melhores normalmente ficam no meio do caminho do processo evolutivo.
Porque eles se consideram muito bons e acreditam que não precisam ir por esse caminho.
Sua inteligência os desvia das adversidades,
e portanto, os distancia das possibilidades de transformação.
Como eles possuem uma capacidade extra, eles se sentem mais acomodados,
e por isso eles acham que não precisam fazer aquele esforço adicional,
eles acreditam que não precisam procurar por soluções diferentes.
Mas evoluir, se transformar para permanecer no jogo de forma melhorada
significa se adaptar à nova realidade e persistir diante das adversidades.
Não é uma competição com os demais seres da mesma espécie.
É uma prova entre cada um e a sua própria capacidade de adaptação
e de resistência às novas condições de vida.
Então, os nossos concorrentes não são os melhores,
nem os mais fortes, nem os mais inteligentes, nem os mais bonitos.
porque os melhores abandonarão a corrida no meio do caminho.
O nosso maior e único concorrente, somos nós mesmos.
Porque só nós podemos decidir encarar as adversidades e nos adaptar a elas.
Só nós podemos definir até onde conseguimos resistir e persistir.
Só nós podemos decidir por mudar a nossa percepção sobre o mundo e não desistir.
TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira