Uma das fontes de conhecimento que mais me intriga, e com a qual eu aprendi mais profundamente os mistérios da vida e do mundo é a cabala.
Quando adolescente eu fui para Curitiba estudar para o vestibular.
E sozinha na cidade grande eu descobri que existia um universo de conhecimento que até então eu não tinha acesso.
E eu não tinha acesso porque a internet não era como hoje, porque a biblioteca do colégio era cheia de enciclopédias, livros didáticos e literatura.
Mas existiam outros livros, outras filosofias, outros universos que poderiam ser descobertos, conhecidos, ou mesmo questionados.
Então, naquele primeiro ano longe de casa eu comecei a frequentar sebos.
E lá eu comprava um monte de livros, alguns, eu reconheço que eram estranhos, outros eram exagerados demais.
Mas eu mantinha a porta do conhecimento aberta.
Com o que eu sentia afinidade, ficava na minha mente e eu lia mais, e com o que eu não não me identificava, eu deixava de lado e não lia mais.
E nessa história toda, em algum momento eu comprei alguns livros de cabala.
Confesso que naquele momento da minha vida, eu não entendi absolutamente nada.
Na verdade eu nem sei se os livros que eu comprei eram livros confiáveis, porque temos que ficar atentos que existe muito charlatanismo por aí.
Mas, depois de formada, revirando aqueles meus livros antigos, encontrei um daqueles livros de cabala.
"A cabala da comida, do dinheiro e da inveja" de Nilton Bonder.
É um livro que não entra muito nas ferramentas da cabala, não trata da ciência e dos estudos cabalísticos.
Apenas descreve como a cabala se relaciona com a comida, e as razões pelas quais tem esse ou aquele comportamento alimentar.
Descreve como a cabala se relaciona com o dinheiro, e os motivos pelos quais trata o dinheiro dessa ou daquela forma.
E por fim, descreve como a cabala se relaciona com a inveja, e os caminhos que devemos tomar para contornarmos a inveja.
E eram todas explicações e análises muito sensatas e lógicas, especialmente referente à questão da comida.
Então eu comecei a aplicar alguns conceitos no meu dia a dia, como não beber líquidos muito gelados, e pequenas coisas desse tipo.
Mas, somente muito tempo depois, é que eu voltei a pesquisar sobre cabala.
Comecei um curso, depois fiz outro, comprei alguns livros, fiz download de outros.
E eu fui descobrindo que cabala é uma ciência extremamente lógica e prática.
Primeiro, é importante esclarecer que cabala não é judaísmo.
Cabala é considerada uma ciência e judaísmo é uma religião.
E mais, a cabala é considerada uma ciência escondida.
Como se fosse uma ciência secreta.
E ela é vista desse jeito porque, primeiro ela não era facilmente transmitida;
segundo porque ela usa uma linguagem diferente para explicar o seu conhecimento;
e terceiro porque o objeto de estudo da cabala não é o mundo que conhecemos, mas sim o mundo que está escondido de nós.
E por que a cabala não era facilmente transmitida?
O que é contado é que Abrãao, em 1947 a.C, ensinava abertamente a cabala.
Mas quando as religiões e especulações começaram a surgir, esse conhecimento teve que ser escondido para não se perder, para não ser desvirtuado, para não ser influenciado, para não ser desconstruído.
Somente a partir de 1995 os livros cabalistas começaram a ser abertos.
A partir de então, o único requisito para estudar cabala é ter um desejo sincero de descobrir o significado da vida.
Mas antes disso os conhecimentos cabalísticos só poderiam ser repassados de boca em boca, de mestre para discípulo, por isso era considerada uma ciência escondida, um conhecimento secreto.
E por que se diz que a cabala usa uma linguagem diferente?
De acordo com o conhecimento da cabala, o nosso mundo, o mundo em que vivemos, não é um mundo de causas, mas sim um mundo de efeitos.
Ou seja, nada do que acontece no nosso mundo é gerado aqui.
Tudo o que acontece em nosso mundo é apenas resultado do que existe no mundo superior, no mundo das causas, no mundo da criação.
Portanto, o nosso mundo é o mundo onde são manifestadas as criações do mundo superior.
O mundo material é como se fosse uma impressão do que é criado do mundo espiritual.
Como um carimbo que imprime no papel o desenho que possui.
Como uma forma que dá o formato ao barro.
Só que nós não conhecemos esse mundo espiritual onde tudo é criado, nós não conseguimos perceber esse outro mundo, porque esse outro mundo não é perceptível pelos nossos cinco sentidos.
É um mundo que passa por cima do nosso radar.
Então para explicar os fenômenos, as forças, as leis que regem esse outro mundo, a cabala precisa utilizar uma linguagem diferente.
E essa linguagem é chamada de Linguagem dos Ramos.
Porque essa linguagem usa palavras e nomes que definem as coisas que existem no nosso mundo, para definir as coisas que existem no mundo espiritual.
Existe, portanto, um Mundo Superior, que é tido como o Nível das Raízes, porque é onde tudo é criado, porque é de onde brotam todas as sementes, porque é onde está a origem de todas as coisas.
E existe um Mundo Inferior, que é tido como o Nível dos Ramos, porque é onde os resultados são produzidos, porque é onde as criações são manifestadas, porque é onde as coisas saem da terra e criam galhos, ramos, caules, tronco, flores, folhas e frutos.
A cabala utiliza a linguagem do Nível dos Ramos, ou seja, a cabala utiliza a linguagem usada no nosso mundo material, ou mundo inferior, para conseguir descrever o que acontece no Nível das Raízes, ou seja, para definir o que acontece no mundo superior. Porque essa é a única linguagem que conhecemos. Então é preciso usar essa linguagem para descrever as coisas que não percebemos, que não somos capazes de apreender pelos nossos cinco sentidos.
Cabala é muito mais uma questão de lógica, do que de misticismo.
E que mundo escondido de nós é esse que é o objeto de estudo da cabala?
O que é esse Mundo Superior? O que é esse Nível das Raízes?
O mundo em que vivemos, esse mundo em que podemos ver, tocar, cheirar, sentir e ouvir, é um mundo de resultados e não das causas.
É um mundo em que os efeitos são produzidos, em que as expressões são manifestadas.
De acordo com a cabala, não há nada que possamos fazer nesse mundo que possa produzir efeitos no Mundo Superior.
Porque o Mundo Superior é a fonte de todas as coisas, é a origem de todas as criações.
É no Mundo Superior onde todas as coisas que percebemos no nosso mundo possuem suas raízes.
Assim, nenhuma ação no mundo físico é capaz de produzir algum efeito no mundo espiritual.
Por esta razão é que nada do que fazemos para resolver os nossos problemas aqui no mundo material, é capaz de provocar algum efeito nos resultados que colhemos.
Apenas quando conseguimos estabelecer uma conexão com o Nível das Raízes, com o nível das causas, é que podemos produzir algum efeito sobre os resultados.
E esse é o objeto de estudo da cabala.
Para melhor esclarecer.
Tudo o que acontece no nosso mundo material é originado, criado, idealizado, no mundo espiritual.
Quando essa criação é expressada no mundo material, ela entra no circuito de causa e efeito do nosso mundo.
Ou seja, uma vez derrubado um dominó, todos os demais dominós são derrubados um a um naturalmente.
Uma vez expressada no mundo material, tudo o que é criado aqui segue o seu o seu instinto, segue o seu circuito automático.
Uma vez criada e expressada no mundo material, toda vez que alguém pisar no pé de uma pessoa, essa pessoa vai gritar, porque esse é o instinto natural dela. Quando alguém do seu lado ouvir o seu grito, vai sempre se assuntar, porque esse é o instinto natural dela. Quando essa pessoa se assustar e derrubar o café em cima da amiga, essa amiga vai sempre sentir dor, porque esse é o instinto natural dela.
E assim se desenrolam os ciclos de causa e efeito no nosso mundo material.
Os ciclos de causa e efeito como nós conhecemos.
Só que esses dois mundos eles coexistem.
Ou seja, eles existem no mesmo espaço e no mesmo tempo.
Esse primeiro mundo, o Mundo Superior, o mundo espiritual, onde tudo possui sua origem, a sua raiz, é uma mundo de realidade infinita, só que nós não somos capazes de perceber isso, porque nós não somos capazes de sentir isso.
Porque nós somos limitados pelos nossos cinco sentidos. Nós só podemos perceber o que pode ser detectado e analisados pelos nossos cinco sentidos.
Se nós conseguíssemos perceber e sentir toda a vastidão do Mundo Superior, nós seríamos capazes de viver uma vida de absoluta satisfação e preenchimento, mas essa realidade está escondida de nós.
O nosso mundo, o Mundo Material, o mundo das limitações físicas, não é capaz de perceber o Mundo Espiritual.
Porque existe uma barreira, chamada Machsom, que nos impede dessa conexão.
Essa barreira é o ponto da nossa desconexão com o mundo espiritual.
Acima dessa barreira, existem 5 Mundos Espirituais, 5 níveis de consciência.
Além desses 5 mundos espirituais, desses 5 níveis de consciência, existe a realidade infinita.
E sobre essa realidade infinita não se fala.
Sobre essa realidade infinita é proibido falar.
Mas não é proibido falar porque é algo místico, sagrado ou secreto.
É proibido falar sobre a realidade infinita, porque qualquer coisa que se fale sobre ela é especulação, é achismo.
Porque é uma realidade absolutamente fora da nossa capacidade física e intelectual de compreensão.
Porque é absolutamente impossível para nós, compreendermos, ou mesmo chegar próximo da compreensão do que é essa realidade infinita.
Qualquer coisa que se diga sobre essa realidade infinita deve ser ignorada, porque é uma realidade impossível de ser alcançada.
E o que é preciso para entrar no Mundo Espiritual?
Algumas respostas precisam ser preenchidas antes de entrar no Mundo Espiritual.
Porque sem essas respostas, não tem como saber onde estão as portas.
É como a Alice depois que caiu na toca do coelho.
Quando ela estava na sala cheia de portas, mas não sabia em qual deveria entrar.
Então ela precisou tomar o líquido para aumentar o seu tamanho e comer o bolo para diminuir o seu tamanho, diversas vezes,
Até que, enfim, ela conseguiu atingir o tamanho certo para passar pela porta que levava para o jardim das maravilhas.
O mesmo acontece para entrar no Mundo Espiritual e se conectar com essa realidade escondida de nós.
Depois que caímos na toca do coelho, precisamos aumentar e diminuir, errar para mais, errar para menos, bater a cabeça, chorar, sofrer, até que em algum momento, encontramos a medida certa para passar pela porta que leva ao Mundo das Maravilhas (porque em inglês não é País das Maravilhas, como foi traduzido, mas sim Wonderland, Mundo ou Terra das Maravilhas).
Porque como não é um mundo que possa ser avaliado e calculado de acordo com as nossas percepções sensoriais, nós precisamos calibrar pessoalmente, internamente, a bússola interna que nos leva para esse universo espiritual, esse mundo dos 99%.
Porque de acordo com a cabala, tudo o que podemos perceber no mundo material corresponde a apenas 1% do que realmente existe.
O mundo espiritual corresponde a 99% de toda a realidade.
E quais respostas precisam ser preenchidas antes de entrar no Mundo Espiritual?
Quais respostas precisam ser compreendidas para que possamos começar a perceber, a sentir um pouco desse mundo dos 99%?
As questões necessárias para entrar no Mundo Espiritual são:
Do que nós somos feitos?
O que nos impede de entrar nesse Mundo Espiritual?
Como podemos ganhar uma sensação do Mundo Espiritual novamente?
Mas essas respostas eu vou tratar em outros textos.
Por enquanto o importante é saber:
Que cabala é uma ciência.
Que cabala é uma ciência que estuda o mundo espiritual.
Que existe um Mundo Espiritual, no Nível das Raízes, onde tudo possui a sua origem, e que esse mundo representa 99% de toda a realidade.
Que existe um Mundo Material, no Nìvel dos Ramos, onde toda criação se expressa, e que esse mundo representa 1% de toda a realidade.
Que nada pode ter a sua origem no Nível dos Ramos.
E que para termos contato com o Mundo Espiritual precisamos compreender do que nós somos feitos; precisamos compreender porque nós somos impedidos de entrar nesse Mundo Espiritual; e precisamos entender como podemos começar a levantar os véus que escodem o Mundo Espiritual de nós.
TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira