De tudo o que já foi apresentado até aqui, já deu para perceber que a economia não é só uma ciência que estuda a movimentação do dinheiro na sociedade.
Essa percepção é extremamente simplista e incompleta.
Porque a economia tem a sua origem na análise das pessoas, dos indivíduos, de como essas pessoas, esses indivíduos tomam as decisões na sua vida, de como essas decisões individuais influenciam em todo o tecido social e colocam toda a sociedade em movimento.
É tão verdade que a economia tem a sua raiz nessa percepção do indivíduo e do seu poder de decisão, que os quatro primeiros princípios da economia são sobre as leis que regem esse poder de decisão que os indivíduos possuem.
É tão verdade que a economia é muito mais do que só o estudo da movimentação de dinheiro no mundo, que a grande força que coloca todo esse "dinheiro" e todos esses recursos em movimento, é a capacidade que os indivíduos têm de tomarem as suas próprias decisões.
Assim as leis econômicas, a força organizadora, a "Mão Invisível" não se aplica, não age, fica inerte, se os indivíduos não puderem decidir por si, se eles ficaram na dependência de terceiros para obterem o que querem em suas vidas.
Por isso, e pela relação que todos esses princípios têm com todo o conhecimento da cabala, do hinduísmo e de tantas filosofias, é que eu considero muito importante que as pessoas entendam quais são as leis que regem a dinâmica das suas decisões.
E a ciência econômica e seus quatro primeiros princípios são fundamentais para entender isso, e para que possamos tomar melhores decisões, decisões mais assertivas, decisões que nos coloquem em sintonia com essa força organizadora, com essa "Mão Invisível".
E como vimos, o Princípio nº 1 é "As pessoas enfrentam tradeoffs"
O Princípio nº 2 é "O custo de algo é o que você desiste para obtê-lo"
E o Principio nº 3 é "Pessoas racionais pensam na margem"
E é esse princípio que nós vamos analisar agora.
Então, o que significa que pessoas racionais pensam na margem?
Bem, presume-se que todas as pessoas são racionais.
Ou seja, devemos partir do pressuposto de que todas as pessoas fazem o seu melhor para alcançarem os seus objetivos, de acordo com as oportunidades elas têm a sua disposição.
Pessoas racionais são as pessoas que se utilizam de todas as ferramentas que possuem ou que têm acesso, para conseguirem de algum forma obterem aquilo que querem.
Pessoas racionais são aquelas pessoas que não ficam pensando no que não têm, no que as pessoas deveriam dar para elas.
Pessoas racionais são pessoas que não ficam se lamentando pelas ferramentas que Deus não lhes forneceu, pela injustiça das outras pessoas terem tudo aquilo que elas querem.
Pessoas racionais são aquelas que não ficam pensando que tudo é muito difícil ou impossível.
Pessoas racionais, as pessoas que fazem o mundo se movimentar, são aquelas pessoas que pensam:
"Isso é o que eu quero e isso é o que eu tenho. Então, com isso que eu tenho, como que eu posso conseguir o que eu quero?"
Esse é o objetivo primário das pessoas racionais.
E são essas pessoas racionais que colocam o mundo em movimento.
Então o Princípio nº 3 da Economia diz que pessoas racionais, que são essas que movimentam o mundo, pensam na margem. Mas o que é então, pensar na margem?
Se as pessoas racionais estabelecem o que querem e avaliam como podem conseguir o que querem usando as ferramentas que possuem,
Então as pessoas racionais sempre possuem um plano de ação que elas consideram o melhor para as suas vidas.
Então as pessoas racionais já têm definido em suas mentes qual é o objetivo delas e elas também já definiram qual é o melhor caminho para alcançar esse objetivo.
Então as pessoas racionais, focam as suas decisões no melhoramento constante do seu plano, da sua estratégia.
Então as pessoas racionais já decidiram para onde querem ir e como elas irão até lá.
Assim as demais decisões delas se restringem apenas em afinar esse plano, em afiar as suas ferramentas, em adequar e adaptar constantemente as suas estratégias de acordo com as variáveis que aparecem no caminho.
Para fazerem isso, não são necessárias mudanças radicais do seu curso de ações.
Para melhorarem constantemente os seus planos de ação não são necessárias mudanças extremas.
Segundo os economistas, as pessoas racionais conseguem grandes vantagens econômicas fazendo pequenos ajustes marginais.
Ajustes em que o benefício marginal é maior do que o custo marginal.
Isso quer dizer, que não é necessário sair do curso já planejado.
Basta adotar decisões com base nos benefícios extras que podem ser obtidos e com base nos custos extras que eles exigirão
Decisões que impliquem em custos de oportunidades pequenos, e em benefícios de oportunidade também pequenos.
Decisões nas quais decidimos abrir mão de pequenas coisas para obter pequenas vantagens vão lapidando e melhorando o nosso curso de ação sem nos desviar dos objetivos já traçados.
Depois que já decidimos quais objetivos queremos alcançar, o que passa a fazer grande diferença, portanto, são os pequenos esforços extras que adotamos.
O que passa a fazer a diferença é aquele minuto a mais de estudo, aqueles 100 metros a mais de corrida, aquele brigadeiro recusado, aquele segundo de silêncio na briga.
Decidir por esses pequenos atos de esforços extras é que começa a nos colocar acima da média.
Esses pequenos custos que começamos a pagar em troca desses outros pequenos benefícios que começamos a conquistar é que começam a nos destacar da multidão.
Esses pequenos custos marginais dos quais passamos a abrir mão, são capazes de render benefícios marginais gigantes.
São essas pequenas trocas marginais, esses pequenos preços por pequenos benefícios extras é que fazem toda a diferença nos resultados das nossas decisões.
Por isso, pessoas racionais pensam na margem.
Porque pessoas que já tem uma meta a ser atingida e que já sabem as ferramentas que possuem para isso, decidem por abrir mão de pequenos custos extras, para obtenção de benefícios extras que aos poucos vão destacando-os da multidão.
E por fim, o Princípio nº 4 da Economia que diz que "as pessoas reagem a incentivos".
As pessoas agem em duas direções basicamente: ou elas agem para obterem algo que elas querem, ou elas agem para evitar algo que elas não querem.
Essas duas coisas é que colocam todas as pessoas em movimento.
Ou elas se movem para conseguirem satisfazer os seus interesses, para conseguirem preencher as vontades.
Ou as pessoas entram em ação para se afastarem de tudo aquilo que lhes causa sofrimento, de tudo aquilo que elas não tem interesse.
Quando alguém lhe estende uma colher com remédio, você afasta o seu rosto e faz cara feia.
Mas quando alguém lhe estende uma colher com sorvete, você aproxima o seu rosto e abocanha o sorvete.
Portanto, as ações que as pessoas adotam são induzidas pelos incentivos que elas recebem ou não.
Então os incentivos interferem nas nossas decisões por seguir esse ou aquele curso de ação.
Se o incentivo for uma punição as pessoas se sentirão desestimuladas a agirem, porque haverá um custo extra marginal.
Ou seja, além do custo já calculado, ainda elas terão que arcar com uma punição.
Mas se o incentivo for uma recompensa, as pessoas se sentem estimuladas a agirem, porque haverá um benefício extra marginal.
Ou seja, além daquele benefício já calculado, as pessoas ainda receberão uma recompensa.
Engraçado é que essa é a mesma explicação e metodologia que a cabala fala sobre o caminho inconsciente, sobre o caminho da dor.
Porque o Mundo Espiritual vai nos conduzindo para nos manter no trilho da nossa evolução por meio de incentivos.
Quando saímos do trilho da nossa evolução nós começamos a de alguma forma passar por algum sofrimento, por algum dificuldade na vida.
Ou seja, além do custo já calculado, a vida nos faz arcar com uma espécie de punição.
Mas quando permanecemos no trilho da nossa evolução, nós começamos a ser iluminados, tudo na nossa vida começa a fluir.
Ou seja, além do custo já calculado, a vida nos presenteia com recompensas inesperadas.
A grande questão é que quando nós entendemos o processo de autoconhecimento, quando nós entendemos o nosso processo evolutivo, e quando nós entendemos esses custos marginais decorrentes das punições ou recompensas que se agregam às nossas decisões de ação,
Nós começamos a perceber que gentileza realmente gera gentileza, porque essa é recompensa extra que recebemos.
Nós começamos a perceber que quando entramos em uma discussão, nós ecoamos a raiva e essa raiva reverbera, porque essa é a punição extra que temos que arcar.
Quando nós percebemos tudo isso, nós começamos a enxergar as recompensas e as punições que as nossas decisões podem gerar na nossa vida.
E quando nós temos consciência disso, as nossas decisões pessoais, e não somente econômicas, também passam a depender desses incentivos, também passam a levar esses incentivos em consideração.
Então esse foi o tema de hoje: Pequenas ações, grandes mudanças
Vimos que o Princípio nº 3 da Economia é: "Pessoas racionais pensam na margem".
Ou seja, pessoas que já sabem o que querem conquistar e como podem chegar lá, ajustam os seus planos de ação por meio de pequenas mudanças, de pequenos ajustes.
Vimos também que o Princípio nº 4 da Economia é: "As pessoas reagem a incentivos".
O que significa que além do custo de troca das nossas escolhas, nós também devemos levar em consideração as punições extras que deveremos arcar, ou as recompensas extras que receberemos de brinde.
TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira