Você já se sentiu empacado em algum momento da sua vida?
Como se você estivesse preso a uma situação,
a um relacionamento, a um emprego?
Não que isso seja uma coisa ruim e nem boa.
Nem que você se sinta bem ou mal por isso.
Mas você tem a sensação de que está andando em círculos.
De que poderia ir além, de que poderia fazer mais, ser mais, produzir mais.
Mas algo está limitando o seu crescimento.
Algo que você não sabe o que é está contendo a sua evolução no mundo.
Muito provavelmente, o que está te impedindo de crescer, de evoluir,
de passar para a próxima fase do jogo da vida,
é algo que está dentro de você, e que só depende de você para modificar.
Você sabia que a forma como percebemos o mundo,
diz muito sobre nós e sobre nossas ações?
A forma como enxergamos as pessoas e as situações
é que conduzem os nossos pensamentos e direcionam as nossas ações.
Se achamos que uma pessoa é má,
nutrimos pensamentos negativos sobre ela, praticamos ações destrutivas para ela.
Evitamos contato. Atiramos pedra.
Mas, se achamos que uma pessoa é boa,
nós nutrimos pensamentos positivos sobre ela, praticamos ações construtivas para ela.
Mantemos contato. Jogamos flores.
Esse julgamento que fazemos sobre tudo e sobre todos,
sobre as pessoas, amigos, colegas de trabalho, familiares, filhos, pais, mães;
sobre as circunstâncias, emprego, relacionamento, religião, cultura.
Esses julgamentos ditam o que pensamos e o que fazemos.
Esses julgamentos é que determinam a forma como nos expressamos para o mundo.
Mas em vez de julgamentos, precisamos ativar a nossa percepção.
Devemos passar a perceber o mundo, e não a julgá-lo.
Devemos aprender a testemunhar tudo o que passa ao nosso redor.
Quando mudamos de julgadores para testemunhas, para observadores,
Começamos a ativar a nossa percepção.
Paramos de apontar o dedo e passamos a simplesmente narrar os fatos.
E logo nos damos conta de que as narrativas dos fatos mudam
conforme muda a posição em que estamos observando.
Ou seja, o mesmo fato é visto de forma diferente,
se estivermos observando de lugares diferentes.
A nossa percepção muda de acordo com a nossa perspectiva,
de acordo com as lentes que estamos usando.
Mas além disso, a nossa percepção sobre o mundo
muda também com o transcurso do tempo.
Ainda que permaneçamos na mesma posição,
no mesmo lugar, com as mesmas lentes,
a nossa percepção muda conforme entendemos e apreendemos
as informações à nossa volta no decorrer do tempo.
Mesmo que o mundo permaneça o mesmo,
Mesmo que as informações sejam as mesmas.
A forma como enxergamos o mundo também evolui.
Ou pelo menos, deveria evoluir.
Porque isso faz parte do crescimento.
Como assim?
No nosso tempo de colégio em cada ano letivo que se iniciava,
nós estávamos um ano mais velhos,
Um ano a mais de conhecimentos.
E por isso, em cada ano mudava a forma
como nós enxergávamos o mundo a nossa volta.
Um ano estávamos diferentes porque já sabíamos ler.
Outro ano víamos o mundo diferente porque já sabíamos sobre a vida das plantas,
sabíamos mais sobre a vida dos animais.
Outro ano olhávamos para tudo ao nosso redor com outra percepção
porque começávamos a entender de química, de geografia, de matemática, de história.
Pouco a pouco íamos tirando o véu da nossa ignorância sobre mais e mais coisas.
Depois nossa percepção de mundo mudou
porque os pelos das pernas dos meninos começaram a crescer,
porque os seios das meninas começaram a se desenvolver.
Depois nós começamos a olhar uns para os outros com um olhar diferente
porque já sabíamos sobre beijo.
porque começamos a ir nas festinhas na casa dos amigos.
porque começaram a surgir os primeiros namoros.
E assim fomos evoluindo a nossa percepção sobre o mundo.
No começo não percebíamos muitas coisas que já estavam à nossa volta,
mas que não passavam pelo nosso radar.
Somente com o tempo fomos aguçando, apurando a nossa percepção.
Fato é que cada ano nós enxergávamos a vida sob uma perspectiva diferente.
E sempre olhávamos para os alunos mais novos, com ar de maturidade,
de maior sabedoria.
Fato é que mesmo tendo uma percepção diferente sobre si,
sobre o mundo e sobre a vida.
Tudo ao nosso redor poderia continuar relativamente igual.
poderia continuar sendo o mesmo colégio,
os mesmos professores, os mesmos colegas.
A nossa percepção mudava.
A forma como percebíamos o mundo é que mudava a cada ano.
A evolução de nossa percepção, portanto, faz parte da nossa vida.
Então, o que pode estar nos impedindo de crescer?
O problema é que em alguns momentos, ficamos trancados em paradigmas.
Ficamos presos em conceitos limitados.
Travamos a expansão de nossa percepção.
Sentamos em um lugar da arquibancada da vida
e acreditamos que aquele é o único lugar em que dá para observar tudo com exatidão.
E ainda acreditamos que tudo acontece sempre da mesma forma.
Criamos modelos, padrões, conceitos fixos,
Paradigmas que acreditamos serem imutáveis no espaço e no tempo.
Construímos verdades absolutas.
E acreditamos piamente nelas e na sua imutabilidade.
É como se a nossa percepção evoluísse somente até nos tornarmos adultos.
Quando nos tornamos adultos já conhecemos tudo o que é preciso conhecer,
já sabemos como tudo funciona,
já podemos parar de aprender a perceber, de aprender a observar,
acreditamos já não precisamos mais aprender a compreender o mundo.
Como se já pudéssemos começar a julgar.
Mas isso é bastante equivocado.
Se deixarmos, se permitirmos, se quisermos,
continuaremos aprendendo sobre o mundo até o fim dos nossos dias.
Até que a nossa velhice nos alcance na estrada da vida.
Por isso, devemos permitir que a nossa percepção evolua.
Devemos nos submeter a situações que permitam essa evolução.
Como ler um livro várias vezes.
Na primeira leitura, absorvemos um número de informações.
Quando lemos na segunda vez, compreendemos melhor as informações.
Porque já sabemos todo o conteúdo do livro.
Então podemos nos atentar aos detalhes.
E se lermos outros livros sobre o assunto, e no futuro voltarmos a ler aquele livro,
com certeza conseguiremos enxergar muitas coisas que não havíamos percebido
ou que não havíamos compreendido antes.
Porque agora nós não só sabemos o que esse livro fala,
mas sabemos o que outros livros falam sobre aquele mesmo assunto.
O livro permanece o mesmo, com as mesmas palavras.
São as mesmas palavras, encobertas por diversos véus da sua percepção.
O mesmo acontece quando visitamos um lugar várias vezes.
Na primeira vez que olhamos um lugar
enxergamos tudo o que é mais óbvio, mais evidente.
Percebemos tudo aquilo que salta aos olhos.
Quando visitamos o mesmo lugar uma segunda vez,
começamos a perceber os detalhes.
Conseguimos compreender as sutilezas,
enxergar aquelas coisas que não são tão evidentes.
Porque a nossa percepção não muda apenas quando mudamos de posição,
quando trocamos as nossas lentes.
Nossa percepção muda, e deve mudar, com o transcurso do tempo.
O passar do tempo revela novas nuances,
levanta o véu que havia sobre antigos paradigmas.
Mas, precisamos estar abertos para isso.
Precisamos ser receptivos para diferentes pontos de vista.
Precisamos sair da posição de julgadores,
ativar a nossa percepção
e permitir que ela evolua com o tempo.
Precisamos aprender a olhar com novos olhos.
Evolução, portanto, é mudar essas programações do nosso cérebro.
É fazermos constantes atualizações do nosso software mental.
Porque mais fundamental do que o mundo mudar,
É nós mudarmos junto com ele.
E não fazer isso, é que pode estar te impedindo de crescer.
De evoluir.
TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira